Você é uma perdição! Daquelas que
alimentam o ego. Que funcionam sem grandes preocupações. Tu queres. Eu quero.
Somos adultos. Vamos fazer acontecer. Havia sempre uma oportunidade para
alimentar o desejo, mas logo a insegurança
ameaçava e conseguias fugir. Mas naquele
dia 09/04/1981, naquele momento a razão, não teve razão, teve o querer acima de
qualquer medo, teve um tesão que decidimos pagar para ver... e aconteceu.
Naqueles anos as relações
instantâneas, era quase vedado sentir algo por alguém!
Era tudo demasiadamente emocionante e parecia que trazia acoplado um manual de instruções cujo texto principal era: «Usar em caso de Emergência». Relações cheias de conteúdo, simples de sentimentos e de poucas palavras. Dá menos trabalho assim. Sorris. Seduzes. Despes-te. Sacias-te. Vestes-te. Foi bom? Então, até à próxima.
Mas a nossa não
foi assim. Foram 14 meses querendo, mas não tendo coragem para realizar.
As pessoas perderam a inocência.
Deixaram voar as borboletas que habitavam os seus estômagos. As pernas deixaram
de tremer quando aquela pessoa se aproxima.
Até hoje, claro que te quero! Pois continuas
sendo uma perdição. Das gostosas! Daquelas que estão à distância de uma
mensagem escrita ou de um convite pelo Whatsapp. Queres? Quero, mas sem contar
as horas que seremos quem quisermos ser.
Despimo-nos de preconceitos. Não temos
de ser perfeitos e você não precisa ser muito medrosa. Algumas horas de prazer
intenso prolongado por uma beleza de alma. Claro que é bom. Alimenta o ego.
Satisfaz os nossos mais profundos instintos primários. A nossa carne que entra
esquenta e quando sai, nos sacia desde 81. Quando você vira os olhinhos e tem
uma cefaleia copulogênica, orgástica ou orgásmica, tanto faz o nome certo, o
importante é que você enxerga borboletas sobrevoando sobre seu corpo sedento e
após, saciado.
O problema, aqui é precisamente o
que nos distingue dos demais animais que habitam o planeta. Dizem os entendidos
que nós, os humanos, somos racionais. E a mim parece que é essa racionalidade
que nos atrai.
Claro que te quero. Pois és uma
perdição. Quero você…, Mas em qualquer cama. Quero você num local qualquer. Por aí.
Mas não na sua e nem na minha cama. Na nossa cama, já temos uma história. Não
um episódio. Na minha cama, deita-se quem eu reconheço o cheiro, o toque, quem
me devolve as borboletas no estômago, quem me rouba um beijo que me fará
fechar os olhos e sentir o sabor dos seus lábios.
Na sua cama, posso recordar dias, também
horas sem pressa de ir embora. Na sua cama, quero viver tudo que me fará feliz, e nem lembrar
de desamores que um dia tive, pois a cama marca algo que, quando queremos, nós podemos.
Até lá? Claro que te quero. Pois és
uma perdição. Quero você por aí, num lugar qualquer. Qualquer lugar é perfeito
para umas horas descomprometidas de duas pessoas que se amam e querem mutuamente. Ali,
sem muitas complicações, medos ou razões.
Parabéns, muita saúde, paz de
espírito e muito tesão, muito dinheiro para viver nossos sonhos e desejos sem paranoias.
Peço que se ame, pois somos seres
muito frágeis e o amanhã poderá não existir.
Assistimos uma série chamada The Last
Kingdom, e o Rei Alfredo registra em
pergaminho, tudo o que se passa em seu reino para a história não se perder em contos distorcidos. E eu não fiz diferente, desde
muito tempo, registro nossa vida em conjunto, temos muitas datas importantes que
nos uniram mais ainda e aos poucos vou liberando para quando eu não mais existir, minhas memórias estarão registradas.
Com borboletas ainda no estômago,
09/04/2022
Um comentário:
São 41 anos de vida em comum, momentos bons, felizes, ás vezes tristes, mas os bons momentos superam os tristes. São experiências que vamos adquirindo com o passar dos anos, essas, muitas vezes feitas para não deixar a vida em comum cair em rotina, mas, são todas válidas para aprendermos o que é bom para nós ou que é ruim, frio na barriga, desejos, tesão, pressão subindo, orgasmos maravilhosos e muito amor envolvido.
Te amo e te amarei sempre, mesmo com tanto desejo, que você ainda guarda e que eu não consigo realizá-los.
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