Eis que retorno ao conhecido depois da frustração por errar
em decidir percorrer direções opostas. E não é por acomodação. É por precisar
especificamente dela. Mesmo pensando nela, poderia ser por qualquer outra.
Mal imagina ela que essa necessidade tem seu nome próprio: Nélis Neide.
Não dá para explicar o tanto que ela sabe de mim, mesmo
falando tão pouco e nem depois de tudo, depois desses 31 anos, sempre vem essa
sensação de que viveremos eternamente. E nos vemos, entre distâncias e
inquietudes.
Ela é o cessar da ardência sufocada e o caleidoscópio das cobiças vencidas. O fim dos engodos, das precisões de juras, das cobranças, das conveniências.
Ela é o cessar da ardência sufocada e o caleidoscópio das cobiças vencidas. O fim dos engodos, das precisões de juras, das cobranças, das conveniências.
E se ela é o fim, é por ela que estou sempre reiniciando.
E ainda assim eu me ausento, e ela me faz voltar. E ela poderia esquecer-me, mas não fecha a porta, porque não dá pra explicar o que nos acontece em dias que as flores se doam e o cio se faz farto e doído.
E ainda assim eu me ausento, e ela me faz voltar. E ela poderia esquecer-me, mas não fecha a porta, porque não dá pra explicar o que nos acontece em dias que as flores se doam e o cio se faz farto e doído.
Eu poderia contar que sei de sua inteligência e que tenho
para mim suas ignorâncias. Que a vejo como lua crescente que dança libertina no
meu purgatório. E também que entendo as ambições de sua alma. As querências de
sua pele.
Ela poderia saber que eu gosto de me deitar num sofá quando o sono me procura. E poderia saber que brigo com meus cabelos todos os dias. Ou que brinco de carrinho feito criança de cinco anos. Ou os malabarismos que faço para segurar as coisas entre os lábios cerrados quando me faltam as mãos.
Ela sabe que possui o que é meu também, que chora pelo o que choro, que deixou de brigar contra algumas recriminações pelos mesmos motivos que deixei de me preocupar com algumas outras.
Ela poderia saber que eu gosto de me deitar num sofá quando o sono me procura. E poderia saber que brigo com meus cabelos todos os dias. Ou que brinco de carrinho feito criança de cinco anos. Ou os malabarismos que faço para segurar as coisas entre os lábios cerrados quando me faltam as mãos.
Ela sabe que possui o que é meu também, que chora pelo o que choro, que deixou de brigar contra algumas recriminações pelos mesmos motivos que deixei de me preocupar com algumas outras.
Preta sabe de mim. É quem eu sou, num reflexo sem distorções.
Está em Preta a minha polaridade masculina e em mim, a sua feminina. É Terra
que acolhe meus pousos e eu, Fogo que dissipa tua solidão. Somos solitários. E
solidários. E quando nos negamos, não é rejeição: é proteção.
O obsceno não existe em minha Preta. Sacro e profano convivem
harmoniosamente em seus cômodos. Naquele quarto que é
tão ela e que tem tanto de mim, ela sonha quando estou ausente.
É naquele quarto que resumo o cheiro do ontem por entre suas coxas, tatuo uma galáxia entre os seus seios e da minha pele ela faz a sua rota. Se a calcinha não combina com o sutiã, não importa. Os meus sentidos se misturam aos seus beijos sôfregos. Beijos sem consequências. Destemidos beijos. Respeito quem beija sem reservas. E eu a beijo sem medo, feito Narciso diante de sua imagem num espelho. E ela não me beija como quem tem pressa para bater o cartão de ponto. Só pessoas como nós sustentam os olhos abertos para ir além dos contornos suaves. Sem condenação, com algum desafio.
Não dá pra explicar essa falta de pudor dos meus lábios ao gemerem indiscretos e o seu recolhimento quebrantado. Não precisa disfarçar que é minha puta com cara de santa, ela sabe-me: santa-puta que alcança indulto para seus desatinos quando ela me traz pra perto, me pega pelos quadris e me puxa pra junto dos seus, eu desato, endurecido.
Todo o meu mundo para quando a penetro, tenho castigo e redenção ao mesmo tempo.
Eu me farto, agradecido e ela me basta.
Sem perceber, eu me rebolo, daí, ela me encaixa.
Eu suo meus parcos cabelos grisalhos e ela vibra com as minhas gozadas.
Avançamos, depois recuamos lentamente, sentindo cada pulsar genital.
Serpenteamos e esvoaçamos.
Eu pulso, ela não esmorece.
Eu suavizo, vívida ela atinge o cume da montanha sagrada.
É no gozo dela que restabeleço meu tratado de paz.
Não dá pra explicar essa constância entre nós e muito menos essa conveniência de pedir sempre mais da vida por acharmos que ela nos deve só o tudo e, no entanto, o que temos abrevia-se a nós mesmos.
É naquele quarto que resumo o cheiro do ontem por entre suas coxas, tatuo uma galáxia entre os seus seios e da minha pele ela faz a sua rota. Se a calcinha não combina com o sutiã, não importa. Os meus sentidos se misturam aos seus beijos sôfregos. Beijos sem consequências. Destemidos beijos. Respeito quem beija sem reservas. E eu a beijo sem medo, feito Narciso diante de sua imagem num espelho. E ela não me beija como quem tem pressa para bater o cartão de ponto. Só pessoas como nós sustentam os olhos abertos para ir além dos contornos suaves. Sem condenação, com algum desafio.
Não dá pra explicar essa falta de pudor dos meus lábios ao gemerem indiscretos e o seu recolhimento quebrantado. Não precisa disfarçar que é minha puta com cara de santa, ela sabe-me: santa-puta que alcança indulto para seus desatinos quando ela me traz pra perto, me pega pelos quadris e me puxa pra junto dos seus, eu desato, endurecido.
Todo o meu mundo para quando a penetro, tenho castigo e redenção ao mesmo tempo.
Eu me farto, agradecido e ela me basta.
Sem perceber, eu me rebolo, daí, ela me encaixa.
Eu suo meus parcos cabelos grisalhos e ela vibra com as minhas gozadas.
Avançamos, depois recuamos lentamente, sentindo cada pulsar genital.
Serpenteamos e esvoaçamos.
Eu pulso, ela não esmorece.
Eu suavizo, vívida ela atinge o cume da montanha sagrada.
É no gozo dela que restabeleço meu tratado de paz.
Não dá pra explicar essa constância entre nós e muito menos essa conveniência de pedir sempre mais da vida por acharmos que ela nos deve só o tudo e, no entanto, o que temos abrevia-se a nós mesmos.
Poderia escrever linhas e mais linhas sobre minha sempre
deliciosa Preta, todas cheias de parenteses. Trechos e mais trechos, todos sem
reticências porque escrever sobre ela é discursar sobre mim.
Como disse um comediante deputado: "...E tenho dito!".