sábado, 15 de agosto de 2015

Experiência, idoso ou velhice?


Tem um assunto que estou querendo escrever sobre uma fase da vida que estou curtindo de uns tempos pra cá. A chegada aos 60 anos. Por isso, vou começar com a minha autoestima.
Desenvolver a autoestima é ter a convicção de que somos capazes de viver e somos merecedores da felicidade. Portanto, ser capazes de enfrentar a vida com mais confiança, boa vontade e otimismo, que nos ajudam a atingir nossas metas e a nos sentir realizados. Fazer crescer a autoestima também é expandir a nossa capacidade de ser feliz. A verdadeira autoestima não se expressa pela auto-glorificação às custas dos outros, ou pelo ideal de se tornar superior aos demais, ou de diminuir as pessoas para se elevar. A arrogância, a ostentação e a super-estima das nossas capacidades, são atitudes que refletem uma autoestima inadequada, e não, como imaginam alguns, o seu excesso. Uma das características mais significativas da autoestima saudável é que ela é o estado da pessoa que não está em guerra consigo mesma ou com os outros.
Lá pelos meus 20 anos de vida, na flor da idade, a libido à flor da pele, eu era o caçador que não perdoava uma presa, fosse bela, linda, feia ou mais ou menos, era com minha carabina apontada e pronta para atirar. Acertei algumas, errei em outras, mas continuava na busca pela minha caça ideal.
Num repente, sem programar, você não encontra uma presa mas se dá conta que aquela maçã, que no início da história contada pela Igreja e que todos os católicos aprenderam desde pequenos, que diz, a serpente sabiamente convenceu Eva para Adão comer aquela fruta que mais tarde seria chamada de "a fruta do pecado" mas que não era, então descobre-se que o paraíso não seria tão monótomo como se projetava, daí, meus conceitos de garanhão mudaram de fato.
Quando chegamos na idade que muitas pessoas chamam de diversas formas: a idade do Condor (dor aqui, dor ali), a idade do Lobo (sempre atrás do Chapeuzinho vermelho), a idade do macaco (gosta de ficar fazendo gracinhas para os netinhos(as)), para alguns, a idade do cachorro (a família vai passear e você fica vigiando a casa) e por ai vai, a coisa muda de figura.
Um dia desses senti na pele, acho que é o que faz a autoestima dos idosos desaparecer. Foi um trabalho fotográfico que estava fazendo para uma mulher que aparenta ter entre 35 e 40 anos, pela qual prefiro omitir seu nome por uma questão de ética. Senti que a mulher não estava muito à vontade, perguntei-lhe o que era e inesperadamente ela falou, estava preocupada com o que os presentes naquela praia poderiam pensar dela, uma jovem com um velho ao lado. Imaginem, uma idade igual a dela, que não é tão jovem assim e a minha que não é longe da idade dela, fazer um comentário inapropriado e infeliz. Faltou a experiência de vida e também o que posso chamar de sensibilidade.
Aquilo doeu no fundo da alma. Engoli aquele desaforo e fui fazer meu trabalho.
Não em razão desse fato, mas do propósito deste texto, expresso aqui a minha análise do título, que foi o meu objetivo maior.
A Experiência: São mais de 50 anos de vivência, correndo algumas partes desse mundo, conhecendo novas pessoas e novas culturas. Em cada fase de idade, separadas de 10 em 10 anos, as minhas lembranças e experiências são: tive uma namoradinha com 8 anos de idade e que não vou contar a nossa intimidade por uma questão de respeito à ela e minha mãe não precisa saber. Mesmo que eu não me lembre do nome dela.
Dos 10 aos 20 anos, vieram os meus melhores experimentos e descobertas, sempre com o sexo oposto claro! Sempre morando em Goiânia.
Dos 20 aos 30 anos, viagens e mudanças, noivado, casamento e filhos. Agradeço à Deus por ter me dado a oportunidade de saber o que é ser pai e marido.
Dos 30 aos 40, nascimentos de mais filhos, casamento sólido e feliz, saindo de Goiânia e fixando residências em Brasília, São Paulo, Curitiba, Londrina e Cascavel, Brasília novamente por mais 5 anos. Depois de 24 anos de bons serviços prestados, deixo meu trabalho como Gerente Regional no Unibanco e volto para Goiânia como sócio de uma agência de publicidade e aproveito para fazer viagens de férias com a família pelo Brasil afora.
Vou passar para os últimos 20 anos. Dos 40 aos 60 anos, minha primeira experiência morando fora do Brasil, trabalhando por 2 anos em Luanda (Angola), depois a oportunidade de voltar para casa e indo direto morar por pouco tempo em Canarana - MT e iniciando minha trajetória dentro do Sicredi, sabendo que meu destino seria Redenção - PA, onde fiquei por 3 anos. Depois, por problemas de saúde, voltei para Goiânia. Agora em 2014 voltei para o Pará, residindo em Marabá e de volta ao Sicredi com um projeto sonhado chegando ao fim, meu diploma de nível superior de Profissional de Marketing, homenageando 3 importantes mulheres da minha vida, minha mãe, minha alma gêmea (minha linda e digníssima esposa) e minha bela e adorada filha, cada uma com seu grau de relevância em minha vida.

O Idoso: em meu conceito simplório, é uma pessoa que curte sua melhor idade, vivendo, feliz, aceitando suas mudanças no corpo, no cabelo que ao longo do tempo começam a ficar brancos e ralos. Lembrando que cada traço diferente que se apresenta, é um marco de tudo aquilo que você já conquistou, não só no lado financeiro, mas na sua vida. É uma pessoa que curte cada centavo que conquistou, com viagens, dando conselhos quando solicitados. Em suma, uma pessoal agradável de conviver e quem é inteligente se torna próximo para aprender.

A Velhice ou Velho: velho conforme as pessoas menos sensíveis tem o hábito de chamar os mais experientes do que eles.
No meu entender, velho é um objeto (não confundir com adjetivo), é aquela pessoa que não vê brilho em sua vida, que a família separou um quartinho anexo à cozinha e que fica quase sempre escondido ou, vai para um asilo e que ao levantar já o faz de mau humor, vive reclamando de tudo e de todos. Cada movimento que faz, sai um gemido de dor. E fica orando ou rezando para que a morte o carregue logo.
Gosto muito de assistir um programa do Padre Alessandro toda terça-feira na TV Aparecida, cujo nome é Aparecida Sertaneja. Embora eu tenha um conceito dele como cantor e apresentador, vejo no programa bons artistas. No programa desta semana, ele estava comemorando o dia dos pais, mas um desabafo dele me chamou a atenção. Transcrevo parte de suas palavras sobre a ingratidão familiar: "...estava celebrando a missa na Paróquia em Mogi das Cruzes e pensei, acho que a pior coisa da Terra é a ingratidão. A minha vó tem 92 anos, ela que me criou, juntamente com minhas irmãs e alguns primos. Minha vó ficou viúva com 30 anos, perdeu o marido em um acidente. Cresci ouvindo ela dizer que não casaria mais porque, não queria que seus filhos fossem criados por outras pessoas que não fosse seu marido e seus pais. Minha vó é viva ainda, ela caminha, ela come, ela fala, ela briga, mas, está com Mal de Alzheimer. E como não posso estar com ela todos os dias, pois se pudesse, ficaria 24 horas, dia após dia ao seu lado, no entanto ela não tem saúde para me acompanhar nas viagens, e a levaria com o maior prazer. Como ela não aguenta, reformei sua casa, que era muito simples e continua simples, no entanto, coloquei câmeras em todos os quartos, na sala e cozinha para acompanha-la. Esses dias me doeu o coração. Domingo, estava no interior da Bahia, fazendo um show e no camarim abri meu celular, cliquei na imagem e vi minha vó sentada na cozinha comendo, detalhe, sozinha. Eu chorei, quando vi aquela cena. Por que eu comecei lembrar de tantas coisas boas que ela nos fez. Hoje nossa família é o que é e tem o que tem, tudo graças à ela. Na sua ignorância, sendo analfabeta, sem inteligência mas com muita sabedoria nos ensinou os valores morais, éticos e religiosos. Daí comecei a lembrar da minha infância, de 15, 10 anos atrás que sua casa ficava sempre cheia, lotada de gente. Sabe porque a casa era cheia? Por que ela era empregada, lavava, passava e cozinhava para todo mundo. Então todo domingo a casa era cheia de manhã, de tarde e de noite! Ela sempre fez muita comida para sobrar, doces e mais doces. E agora domingo, a casa estava vazia, porque ninguém quer ficar ao lado de uma velha, uma pessoa que dá trabalho, uma pessoa que está com 92 anos e fala 10 vezes a mesma coisa, faz uma mesma pergunta 50 vezes e ninguém quer ter trabalho...meus queridos, não sejamos ingratos, a ingratidão dói e aqui você planta, aqui você colhe. Se você plantar paz, amor e caridade, você certamente colherá, paz, amor e caridade. Feliz é o filho que ampara teu pai e tua mãe na velhice. Querido filho, aproveite o pouco tempo que ainda lhe resta. Como é bom sentir o cheiro do vovô e o cheiro da vovó, pois esse cheiro é um cheiro diferente, é o cheiro do amor, o cheiro do carinho, é o cheiro da gratidão.
Minha vó tem quase 40 netos, 10 filhos e 20 e tantos bisnetos, oito tataranetos e domingo, almoça sozinha e janta sozinha. É muito triste isso, cuidado meu irmão, hoje você é jovem, bonito sarado, amanhã também você vai ficar velho, idoso, acabado e talvez com Alzheimer, tomara que você tenha um filho ou, um neto que te abrace e cuide de você. Deus te abençoe!"
Esse fechamento foi com chave de ouro, quando ele disse, "Um beijo vó, obrigado porque a senhora existe e faz parte da minha vida!"
Nesse momento, a câmera fez uma panorâmica da platéia quase sempre composta por pessoas da melhor idade, que estavam com os olhos lacrimejantes.

Pense nisso! Antes de chamar alguém de velho ou velhinho (não importa a altura), lembre-se que aquele Senhor ou Senhora, já conquistou tudo ou quase tudo na vida e conseguiu chegar até os dias de hoje, demente ou não, é um ser humano que muito amou seus filhos, netos e oxalá, bisnetos.
E você, será que conseguirá chegar nesse estágio da vida, perfeito?

Jodenon 

2 comentários:

Nelis Borges disse...

Amor acho que tudo que passamos na vida é válido, principalmente que cada vez mais aprimoramos nossos conhecimentos e vivência, e ser velho é exatamente o que você falou, e em momento algum isso cabe a você pois é, uma pessoa criativa, "ativa" e muito hábil e sempre será uma pessoa experiente nunca um velho, e com muitas palavras carinhosas e certas nas horas certas.
Te amo!!

Aninha The Best disse...

Obrigado Preta! Somos a tampa e o balaio!
Também te amo!