terça-feira, 21 de agosto de 2012

Refresco-me em suas entranhas


Eis que retorno ao conhecido depois da frustração por errar em decidir percorrer direções opostas. E não é por acomodação. É por precisar especificamente dela. Mesmo pensando nela, poderia ser por qualquer outra. Mal imagina ela que essa necessidade tem seu nome próprio: Nélis Neide.
Não dá para explicar o tanto que ela sabe de mim, mesmo falando tão pouco e nem depois de tudo, depois desses 31 anos, sempre vem essa sensação de que viveremos eternamente. E nos vemos, entre distâncias e inquietudes.
Ela é o cessar da ardência sufocada e o caleidoscópio das cobiças vencidas. O fim dos engodos, das precisões de juras, das cobranças, das conveniências.
E se ela é o fim, é por ela que estou sempre reiniciando.
E ainda assim eu me ausento, e ela me faz voltar. E ela poderia esquecer-me, mas não fecha a porta, porque não dá pra explicar o que nos acontece em dias que as flores se doam e o cio se faz farto e doído.
Eu poderia contar que sei de sua inteligência e que tenho para mim suas ignorâncias. Que a vejo como lua crescente que dança libertina no meu purgatório. E também que entendo as ambições de sua alma. As querências de sua pele.
Ela poderia saber que eu gosto de me deitar num sofá quando o sono me procura. E poderia saber que brigo com meus cabelos todos os dias. Ou que brinco de carrinho feito criança de cinco anos. Ou os malabarismos que faço para segurar as coisas entre os lábios cerrados quando me faltam as mãos.
Ela sabe que possui o que é meu também, que chora pelo o que choro, que deixou de brigar contra algumas recriminações pelos mesmos motivos que deixei de me preocupar com algumas outras.
Preta sabe de mim. É quem eu sou, num reflexo sem distorções. Está em Preta a minha polaridade masculina e em mim, a sua feminina. É Terra que acolhe meus pousos e eu, Fogo que dissipa tua solidão. Somos solitários. E solidários. E quando nos negamos, não é rejeição: é proteção.
O obsceno não existe em minha Preta. Sacro e profano convivem harmoniosamente em seus cômodos. Naquele quarto que é tão ela e que tem tanto de mim, ela sonha quando estou ausente.
É naquele quarto que resumo o cheiro do ontem por entre suas coxas, tatuo uma galáxia entre os seus seios e da minha pele ela faz a sua rota. Se a calcinha não combina com o sutiã, não importa. Os meus sentidos se misturam aos seus beijos sôfregos. Beijos sem consequências. Destemidos beijos. Respeito quem beija sem reservas. E eu a beijo sem medo, feito Narciso diante de sua imagem num espelho. E ela não me beija como quem tem pressa para bater o cartão de ponto. Só pessoas como nós sustentam os olhos abertos para ir além dos contornos suaves. Sem condenação, com algum desafio.
Não dá pra explicar essa falta de pudor dos meus lábios ao gemerem indiscretos e o seu recolhimento quebrantado. Não precisa disfarçar que é minha puta com cara de santa, ela sabe-me: santa-puta que alcança indulto para seus desatinos quando ela me traz pra perto, me pega pelos quadris e me puxa pra junto dos seus, eu desato, endurecido.
Todo o meu mundo para quando a penetro, tenho castigo e redenção ao mesmo tempo.
Eu me farto, agradecido e ela me basta.
Sem perceber, eu me rebolo, daí, ela me encaixa.
Eu suo meus parcos cabelos grisalhos e ela vibra com as minhas gozadas.
Avançamos, depois recuamos lentamente, sentindo cada pulsar genital.
Serpenteamos e esvoaçamos.
Eu pulso, ela não esmorece.
Eu suavizo, vívida ela atinge o cume da montanha sagrada.
É no gozo dela que restabeleço meu tratado de paz.
Não dá pra explicar essa constância entre nós e muito menos essa conveniência de pedir sempre mais da vida por acharmos que ela nos deve só o tudo e, no entanto, o que temos abrevia-se a nós mesmos.
Poderia escrever linhas e mais linhas sobre minha sempre deliciosa Preta, todas cheias de parenteses. Trechos e mais trechos, todos sem reticências porque escrever sobre ela é discursar sobre mim.
Como disse um comediante deputado: "...E tenho dito!".

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Existe diferença entre tristeza e depressão?


Existe!
Tristeza aparenta ser um fenômeno normal ou para muitos, um estado de espírito que faz parte da vida psicológica de todos nós.
Depressão é um estado patológico, requer cuidados médicos. Existem diferenças bem demarcadas entre uma e outra. A tristeza tem duração limitada, enquanto a depressão costuma afetar a pessoa por mais tempo. Podemos ficar tristes porque alguma coisa negativa aconteceu em nossas vidas, mas isso não nos impede de reagir com alegria se algum estímulo agradável surgir. Sem que saibamos, a depressão provoca sintomas como desânimo e falta de interesse por qualquer atividade. É um transtorno que pode vir acompanhado ou não do sentimento de tristeza e prejudica o funcionamento psicológico, social e de trabalho, levando o deprimido ao desânimo e vontade de sumir do mapa.

O que se pode fazer para não cair em depressão?

Alguns especialistas dizem que a primeira coisa, é apelar para o bom-senso, mas, bom-senso em quê? Não há uma receita básica, salvadora dos nossos sofrimentos, mas todos podemos conseguir uma qualidade de vida satisfatória lutando contra essa dificuldade patológica. Depois, é preciso desenvolver a capacidade de enfrentar e resolver problemas, dificuldades e conflitos. Tanto isso é possível que estudos apontam que apenas 18% da população apresenta quadros depressivos ao longo da vida. Problemas todas as pessoas possuem, sejam elas em graus maiores ou menores. No entanto, é necessário dentro das possibilidades, aprender a lidar com eles e a não deixar que nos abalem demais, ou sejam, maiores do que nossa capacidade de reação.